quarta-feira, 10 de maio de 2017

AUTOBIOGRAFIA

Nasci num mês de setembro,
E a hora eu sempre lembro,
Porque minha mãe contava,
Que no relógio da igreja soavam as badaladas,
Do sino do meio dia.
Nasci em segunda-feira,
E deve ser por isso que em minha vida inteira,
Eu tive uma trabalheira,
Pra conseguir ser feliz.
Nasci num mês de setembro,
Precisamente dia cinco,
E por isso eu sempre brinco,
Que sou uma pessoa ímpar,
Porque em todos estes anos,
Eu não achei meu lugar.
Como eu nasci natimorta,
E com a cabeça torta,
Um quilo e oitocentos gramas,
De pequena tinha fama,
De que eu era imortal.
Diziam também que era bruxa,
Que fazia encantamentos,
E que em alguns momentos,
Parecia levitar.
A fama me precedeu,
Depois ela se perdeu,
Porque eu perdi minha origem,
Quis ser igual todo mundo,
Eu me sujei de fuligem,
Caí num poço sem fundo,
Procurei um latifúndio,
Do qual tivesse uma parte.
Eu fiz umas tantas artes,
E um dia me aquietei,
Fiz filhos, casa, comida,
Achando que que era a vida,
Que combinava comigo.
Nasci num mês de Setembro,
Quando ainda era Inverno,
A hora eu sempre me lembro,
Porque minha mãe contava,
E eu anotei no caderno.
Nasci num mês de Setembro,
Precisamente dia cinco,
Por isso eu sempre brinco,
Que eu devo ser ímpar,
E depois de tantos anos,
Ainda busco com afinco,
O meu lugar de ficar.


Lígia MS – 07/02/2017 – terça-feira – 16:46 hs

terça-feira, 9 de maio de 2017

AMOR DE FICÇÃO - Poema que deu nome ao meu primeiro livro.

Poderíamos morar no campo...
Numa casa com dois quartos,
Uma cozinha bem grande,
Uma sala com tapetes de sisal,
Uma horta, um jardim e um quintal.
Não precisa ser distante,
Um cantinho aconchegante,
Para onde levaríamos as lembranças
Mais valiosas.
Plantaríamos umas rosas,
Um pé grande de jasmim,
Canteiros de margaridas,
E um gramado sem fim.
No lado Leste da casa,
Um riacho de um fio d’água,
Com uma ponte de tábuas,
Feita para namorar.
Poderíamos morar no campo,
Onde o Inverno fosse frio,
E o Verão de noites frescas.
Deixaríamos uma fresta,
Na janela em nosso quarto,
Para ver a Lua entrar.
Nas cortinas de organdi,
As estrelas bordariam,
Nosso amor em cor de prata.
E as chuvas do mês de Março,
Fariam brotar no jardim,
Os pés de cravo e mostarda,
Que você plantou pra mim.
E quando a Lua Minguante
Deixasse tudo as escuras,
Seriamos os mesmos amantes,
Fazendo as mesmas loucuras.
Poderíamos morar no campo...
Numa casa com jardim,
Com brilhos de pirilampos,
E uma horta de alecrim.


Lígia MS – Direitos Autorais Reservados