Nasci num mês de setembro,
E a hora eu sempre lembro,
Porque minha mãe contava,
Que no relógio da igreja soavam as
badaladas,
Do sino do meio dia.
Nasci em segunda-feira,
E deve ser por isso que em minha vida
inteira,
Eu tive uma trabalheira,
Pra conseguir ser feliz.
Nasci num mês de setembro,
Precisamente dia cinco,
E por isso eu sempre brinco,
Que sou uma pessoa ímpar,
Porque em todos estes anos,
Eu não achei meu lugar.
Como eu nasci natimorta,
E com a cabeça torta,
Um quilo e oitocentos gramas,
De pequena tinha fama,
De que eu era imortal.
Diziam também que era bruxa,
Que fazia encantamentos,
E que em alguns momentos,
Parecia levitar.
A fama me precedeu,
Depois ela se perdeu,
Porque eu perdi minha origem,
Quis ser igual todo mundo,
Eu me sujei de fuligem,
Caí num poço sem fundo,
Procurei um latifúndio,
Do qual tivesse uma parte.
Eu fiz umas tantas artes,
E um dia me aquietei,
Fiz filhos, casa, comida,
Achando que que era a vida,
Que combinava comigo.
Nasci num mês de Setembro,
Quando ainda era Inverno,
A hora eu sempre me lembro,
Porque minha mãe contava,
E eu anotei no caderno.
Nasci num mês de Setembro,
Precisamente dia cinco,
Por isso eu sempre brinco,
Que eu devo ser ímpar,
E depois de tantos anos,
Ainda busco com afinco,
O meu lugar de ficar.
Lígia MS – 07/02/2017 – terça-feira –
16:46 hs
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